Todas as experiências (ou quase todas) passam por um processo de nervosismo quando realizadas pela primeira vez.
Poderia expor aqui uma lista extensa sobre vários exemplos de experiências. Mas para não enrolar muito sobre o assunto, aqui vai um exemplo para os mais românticos: o beijo.
Atire a primeira pedra a pessoa que não passou por um certo nervosismo, suor frio, sensação estranha, no momento do primeiro beijo (normalmente na adolescência, outros casos mais tarde, outros mais precoces, enfim).
Mas o que quero tratar aqui, é sobre a emoção vivida no momento de realizações pessoais.
E esta semana, passei por uma dessas emoções.
O sonho de todo garoto, ao completar 18 anos (maioridade penal aqui no Brasil) é poder, finalmente, tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), seja para veículos A (Motos), seja para veículos B (Carros).
Comigo não foi diferente, mas não liguei muito pra isso. Esse era um sonho que eu gostaria de realizar com minhas próprias mãos. Em nenhum momento insisti para que meus pais pagassem minha inscrição na Auto-Escola. Só o faria quando eu tivesse condições. E essa condição veio em meados de 2008, quando comecei meu estágio na Secretaria Municipal de Esportes de Foz do Iguaçu, onde no momento estou inativo, aguardando um novo chamado (sabem como são orgãos públicos).
Por isso que só fui tirar minha CNH prestes a completar 20 anos. Mais por culpa minha do que qualquer outra coisa. Eu já poderia estar dirigindo pelas ruas afora desde janeiro. Mas por equívocos cometidos por mim, atrasei esse processo. Reprovei duas vezes na baliza...
Mas na terceira coloquei na cabeça que minha carteira finalmente se tornaria realidade! Treinei horrores nos dias que antecederam o chamado Exame Prático. Mantive-me calmo desde o chá de cadeira (eles marcam a prova às 9h, mas você não começa antes das 10h!) até o momento de entrar no automóvel e começar a manobrar e mostrar que você realmente merece dirigir.
No mesmo dia também havia um rapaz, da mesma Auto-Escola que a minha e que faria o exame. Também era a terceira vez dele. Eu o deixei ir na frente, mas se eu soubesse que ficaria tão nervoso, eu teria feito primeiro pra repassar tranquilidade a ele. O coitado não passou da baliza...
Chegou a minha vez.
Liguei o carro (um Pálio que muito me agradou) e comecei a fazer tudo que fora combinado e treinado. Estacionei direitinho dentro do espaço delimitado e fui autorizado a sair. Aí os dois fiscais que acompanharam a baliza, entraram no carro e começamos um pequeno percurso por Foz do Iguaçu. Era hora de mostrar que sabe mesmo dirigir, afinal de contas, aqui em Foz além de tomar cuidado com motoristas brasileiros (por ora alguns barbeiros diga-se de passagem), também há o risco de encontrar-se com motoristas oriundos da Argentina ou, pior, do Paraguai, lugar onde semáforos são lendas e as leis de trânsito inexistentes.
Terminado o percurso, os examinadores (também chamados de fiscais, sei lá) conversaram entre si e voltaram para o carro, dessa vez os dois na frente, e eu sentado no banco de trás, louco de curiosidade pra saber do resultado. Voltamos ao pátio da Ciretran (esqueci o significado, mas é o local onde fiscaliza o trânsito de cada município) e lá soube o que pra mim, por incrível que pareça, parecia certeza, pois a confiança era grande e sabia que não tinha feito algo que pudesse comprometer minha aprovação.
O examinador que só o conheci pelo apelido de "Beto", boné e óculos escuros, observou o papel que mantinha na mão e disse assim: "É Bruno né!? Está aprovado!".
Foi um alívio enorme que não conseguiria aqui descrever. Fernando, meu orientador estava ao meu lado, cumprimentei-o e o agradeci por ter me dado as dicas corretas, ensinado a ter autocontrole nesses momentos tão difíceis. Agradeço ao Edir, que também foi meu orientador, mas por problemas os quais não sei exatamente o porquê, saiu da Auto-Escola. Ao meu irmão, Daniel, por ter me levado com seu Uno vermelho, num sábado à tarde, calorzão em Foz , mesmo assim se dispôs a me levar a praticar as balizas. Aos meus pais que aceitaram pagar o reteste (cada vez que se reprova é preciso pagar uma quantia que varia para cada auto-escola para remarcar o exame), pois num ato de raiva, após eu ter reprovado na segunda vez, jurei que o Detran não viria mais um centavo meu e que eu estava prestes a desistir de tentar novamente, ainda bem que meus pais me impediram, rsrsrs.
E claro, como não poderia deixar de ser, agradeço a Deus, por ter me dado forças e ter conseguido me manter calmo na hora do exame. Fiz o sinal da cruz antes de começar umas "trocentas" vezes.
Agora é esperar vir a carteira provisória de 1 ano. Dentro de 12 meses não poderei cometer nenhuma infração grave sob o risco de suspenderem minha habilitação que consegui com tanto custo e suor.
São experiências como essa que nos motiva a viver nesse dia-a-dia. Ora a vida se mostra injusta e ingrata, ora esse conceito muda completamente e viver passa ser (como sempre foi) o maior de todos os privilégios!