Folha de S.Paulo, terça-feira, 08 de julho de 2008
Enquanto avaliava as fichas das jogadoras da seleção de vôlei durante os treinos no CT de Saquarema, Zé Roberto descobriu uma bomba-relógio. Os dados mostravam que a maior parte da equipe iria menstruar bem no meio da Olimpíada, em agosto.
Para evitar que dores, treinos mais lentos, irritação e sensibilidade em excesso prejudicassem a busca pelo pódio, o treinador decidiu agir. Com o uso de pílulas anticoncepcionais, irá fazer com que nenhuma de suas pupilas fique menstruada durante a estadia em Pequim.
A comissão técnica da equipe já monitorava os ciclos das jogadoras. Esta, porém, é a primeira vez que interfere diretamente na menstruação.
“Muitas delas sentem bastante incômodo. Não seria bom que isso ocorresse bem nessa época. Quero tomar todas as providências possíveis para que possamos fazer o melhor em Pequim”, diz Zé Roberto.
O controle será feito principalmente com o uso de pílulas anticoncepcionais. Algumas atletas usarão o medicamento de forma ininterrupta até o fim dos Jogos, emendando uma cartela na outra. Assim, não haverá variação do nível hormonal que leva à menstruação. Outras irão antecipar o fluxo interrompendo a ingestão das pílulas antes do prazo.
A ponta Sassá é uma das atletas que mais sofrem com sintomas pré-menstruais e dores. Ela já perdeu uma série de treinos, inclusive na seleção, por estar sem condições físicas.
“Tenho muitas cólicas no primeiro dia de menstruação. Isso me atrapalha, fico de cama”, afirma. “Acho superimportante esse controle. Iniciei o tratamento para a cólica. O objetivo é que todas estejam bem na Olimpíada e não ter ninguém de TPM ou mau humor.”
A convivência nos treinos já fez as jogadoras criarem mecanismos para evitar atritos por causa dos sintomas da tensão pré-menstrual. Segundo alguns estudos, mulheres que convivem muito juntas tendem a menstruar no mesmo período. Só no grupo do Grand Prix, o Brasil tem 14 atletas.
“A gente já percebe os sintomas só de olhar para a cara da pessoa ao acordar. Tentamos respeitar quem gosta de ficar calada, dar força para quem está com dores e não estourar com as mais irritadas. Temos de nos segurar pelo bem do grupo”, afirma a ponta Mari.
Meu comentário: Agora percebem o sacrifício dessas atletas para conquistarem um lugar no pódio em Pequim?
Realmente não é fácil, temos que entender.
E o mínimo que podemos fazer é ficarmos aqui, na torcida, para que essas meninas não entrem em crise (ou tensão) e conquistem, se possível, a medalha de ouro.
Mas aqui vai um alerta para outras atletas do sexo feminino.
Algumas marcas de anticoncepcional podem dar positivo no exame antidoping.
O motivo é que podem conter a substância noretindrona, que no organismo se transforma em um derivado do esteróide anabólico nandrolona.
Para que isso seja evitado, é necessário a consulta com algum especialista.
O alerta é dado por Eliana Zucchi, coordenadora do ambulatório de ginecologia do esporte da Unifesp.
A lista de marcas que podem levar a teste positivo está no livro do Comitê Olímpico Brasileiro, sobre o uso de medicamentos no esporte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário